Gestão de riscos no agronegócio: por onde começar?

27 de agosto de 2025

O agronegócio brasileiro vive um cenário cada vez mais desafiador. Em um único ciclo produtivo, o produtor precisa lidar com mudanças climáticas inesperadas, oscilações acentuadas nos preços de grãos, variações cambiais e pressões nos custos de produção. Diante dessa realidade, a gestão de riscos no agronegócio deixa de ser apenas uma boa prática e passa a ser uma necessidade estratégica.


E não estamos falando apenas de proteger a safra contra uma geada ou praga. A verdadeira gestão de riscos envolve antecipar ameaças, avaliar impactos, planejar respostas e tomar decisões com base em dados confiáveis, visando não só a sobrevivência do negócio, mas também sua competitividade e rentabilidade a longo prazo.


Neste artigo, descubra o que é gestão de riscos no agronegócio, quais são os principais tipos de riscos, como identificá-los, e as estratégias mais eficazes para mitigá-los.


O que é gestão de riscos no agronegócio?


A gestão de riscos no agronegócio é o conjunto de práticas, processos e ferramentas voltados para identificar, avaliar e reduzir a probabilidade ou o impacto de eventos que possam comprometer a produção, a comercialização ou a rentabilidade no campo.


De forma simples, é planejar antes que o problema aconteça, criando mecanismos para que, caso ele ocorra, seu impacto seja mínimo. Isso inclui desde o monitoramento climático até estratégias de hedge financeiro para se proteger de oscilações no dólar ou nos preços de soja e milho.

É importante diferenciar gestão de riscos de resposta a crises.


  • A resposta a crises é reativa: age quando o problema já aconteceu;
  • A gestão de riscos é proativa: busca evitar ou minimizar o problema antes que ele cause prejuízos.


Nos últimos anos, essa prática evoluiu no agro com o avanço da tecnologia, o acesso a dados de mercado em tempo real e a integração de análises climáticas e econômicas, permitindo uma atuação muito mais precisa e estratégica.


Por que a gestão de riscos é essencial para a sustentabilidade da produção agrícola?


A produção agrícola está exposta a variáveis que fogem ao controle do produtor. Uma mudança repentina no clima, uma praga que se espalha rapidamente ou uma oscilação brusca nos preços internacionais podem comprometer toda a margem de lucro planejada.


Sem uma gestão estruturada, o produtor fica vulnerável a perdas que poderiam ser previstas e mitigadas. Por outro lado, quem implementa práticas de gestão de riscos consegue:


  • Reduzir incertezas e trabalhar com mais previsibilidade;
  • Proteger margens mesmo em cenários de preços desfavoráveis;
  • Manter a competitividade no mercado, independentemente das condições externas.

Além disso, a gestão de riscos está diretamente ligada à sustentabilidade. Ao reduzir perdas e desperdícios, o produtor melhora a eficiência no uso de recursos naturais e financeiros, fortalecendo também sua imagem junto ao mercado e parceiros comerciais.


Quais são os principais tipos de riscos enfrentados no campo?


Quando falamos em gestão de riscos no agronegócio, é importante lembrar que as ameaças que cercam a produção rural não se limitam a fatores climáticos. A cadeia produtiva é complexa, interdependente e sensível a variações que vão desde questões biológicas até oscilações econômicas globais. 


Um único evento, como uma estiagem prolongada, um surto de pragas ou uma mudança abrupta no câmbio, pode comprometer todo o planejamento de safra, afetar contratos, encarecer insumos e reduzir margens de lucro.


Por isso, conhecer os diferentes tipos de riscos e suas particularidades é o primeiro passo para implementar ações preventivas e corretivas que protejam a produção e a rentabilidade no campo.

Riscos climáticos

No contexto da gestão de riscos no agronegócio, o clima continua sendo um dos fatores mais determinantes para o sucesso ou fracasso de uma safra. Fenômenos como seca prolongada, excesso de chuvas, geadas, vendavais e variações bruscas de temperatura impactam não apenas o volume colhido, mas também a qualidade dos grãos e fibras produzidos.


Além das perdas diretas na produtividade, eventos extremos podem gerar efeitos em cadeia:


  • Atrasos no calendário de colheita e plantio;
  • Aumento nos custos logísticos, com necessidade de transporte alternativo ou maior tempo de armazenagem;
  • Descumprimento de contratos, resultando em penalidades ou perda de credibilidade comercial.


Exemplo: um excesso de chuva no período de colheita eleva a umidade dos grãos, aumentando o custo com secagem e reduzindo o valor de mercado.


Mitigar esses riscos exige monitoramento climático contínuo, uso de dados históricos, previsões meteorológicas de alta precisão e integração de tecnologias como satélites e estações meteorológicas automatizadas.


Riscos biológicos


Pragas, doenças e plantas daninhas são ameaças silenciosas que, se não forem controladas a tempo, comprometem todo o potencial produtivo da safra. A crescente resistência de algumas pragas a defensivos agrícolas impõe a necessidade de estratégias mais avançadas, como o Manejo Integrado de Pragas (MIP).


Os impactos podem incluir:


  • Aumento dos custos de produção devido à aplicação de defensivos mais caros ou em maior frequência;
  • Perda total em áreas que não recebem tratamento rápido e eficaz.


Atenção: surtos de ferrugem asiática na soja ou de cigarrinha no milho, se negligenciados, podem derrubar drasticamente a produtividade.

Boas práticas incluem o monitoramento constante das lavouras, a rotação de culturas para quebrar ciclos de infestação e o uso de sementes certificadas, que oferecem maior resistência a doenças.


Riscos econômicos


A atividade agrícola está profundamente ligada ao cenário econômico global. Oscilações nos preços das commodities, variações cambiais e alterações nas políticas comerciais afetam diretamente a rentabilidade do produtor rural.


Entre os fatores mais relevantes estão:


  • Variações cambiais: mudanças rápidas na cotação do dólar influenciam os preços de exportação;
  • Políticas comerciais: novas tarifas ou barreiras sanitárias podem reduzir o acesso a determinados mercados;
  • Prêmios regionais: diferenças de preços entre regiões alteram a competitividade.


Exemplo: uma valorização repentina do real frente ao dólar reduz a atratividade das exportações de soja e milho, pressionando os preços pagos no mercado interno.


Para minimizar a exposição, o produtor pode recorrer a contratos futuros, operações de hedge, barter e diversificação de mercados.


Riscos operacionais


Nem sempre os maiores riscos vêm de fatores externos. Muitas perdas no campo têm origem em falhas internas, ligadas à execução das operações. Problemas de transporte, armazenagem, colheita e até na gestão de equipes podem gerar prejuízos significativos.

Impactos mais comuns:


  • Atrasos no escoamento da produção que comprometem a qualidade;
  • Perda de eficiência por falta de mão de obra treinada;
  • Paralisação das atividades por quebras de equipamentos ou falta de peças de reposição.


Uma gestão preventiva, com planejamento logístico, treinamento contínuo e manutenção programada de máquinas, reduz de forma significativa a probabilidade desses eventos.


Riscos financeiros


Por fim, mesmo que a produção seja tecnicamente eficiente, questões financeiras podem comprometer a continuidade do negócio. Juros altos, crédito restrito e inadimplência de clientes são ameaças constantes.


Consequências possíveis:


  • Falta de capital de giro para investir ou manter a operação;
  • Dependência excessiva de financiamentos, tornando o negócio vulnerável às variações nas taxas de juros;
  • Perda de oportunidades por não ter liquidez para aproveitar boas condições de compra ou venda.


Boa prática: manter um planejamento financeiro robusto, diversificar fontes de receita, adotar instrumentos de seguro rural e utilizar linhas de crédito estruturadas para proteger a saúde financeira da operação.


Como identificar os riscos no agronegócio?


A identificação de riscos é a base para qualquer estratégia eficaz de gestão de riscos no agronegócio. Sem um diagnóstico claro, o produtor pode subestimar ameaças ou deixar de enxergar pontos vulneráveis que comprometem a operação.


O ideal é combinar diferentes métodos para ter uma visão completa do negócio e das variáveis que podem afetar a produção, a comercialização e a rentabilidade.


Principais métodos e suas aplicações:


  • Mapeamento de riscos: consiste em um levantamento visual e estruturado de todos os riscos que podem impactar a cadeia produtiva, do plantio à entrega final. Esse processo permite criar um “mapa” com a localização e a natureza de cada risco, ajudando na definição de prioridades.

  • Análise histórica: é o estudo de dados de safras anteriores para encontrar padrões e tendências que se repetem ao longo do tempo. Essa abordagem é especialmente útil para antecipar problemas recorrentes, como pragas sazonais, períodos críticos de seca ou picos de preços.

  • Consultas a especialistas: envolve o apoio de consultorias e assessorias agrícolas estratégicas, que oferecem visão de mercado e práticas recomendadas com base em experiência e dados atualizados. Especialistas também ajudam a validar percepções do produtor e propor soluções alinhadas ao cenário real.
     
  • Uso de tecnologia: softwares e plataformas de inteligência agrícola integram dados climáticos, econômicos e operacionais, emitindo alertas automáticos sobre ameaças em tempo real. Essas soluções também permitem simular cenários e testar estratégias de mitigação antes de implementá-las.


Como avaliar os riscos e planejar respostas?


Depois de identificar os riscos, o próximo passo é avaliar sua relevância para o negócio e definir a ordem de prioridade das ações. Essa avaliação permite direcionar recursos e esforços para as ameaças que realmente podem comprometer a operação.


Na prática, o processo pode seguir quatro etapas principais:


  • Impacto: analise qual seria a gravidade do risco caso ele se concretize. Pense nos efeitos diretos (como perda de produtividade) e indiretos (como aumento de custos logísticos ou quebra de contratos).
  • Probabilidade: avalie a chance de o risco ocorrer, considerando dados históricos, previsões de mercado e variáveis externas que possam influenciar.
  • Classificação: cruze as informações de impacto e probabilidade para determinar quais riscos são de alta prioridade. Geralmente, eventos de alto impacto e alta probabilidade devem ser tratados com urgência.
  • Plano de ação: defina medidas preventivas (para reduzir a chance de ocorrência) e corretivas (para minimizar os danos caso aconteça), garantindo prazos claros e responsáveis definidos.


Ferramentas como a matriz de risco e a análise SWOT adaptada ao agronegócio ajudam a visualizar e comparar os riscos de forma estruturada. 

Além disso, a utilização de ferramentas e relatórios integrados de mercado e clima facilita a tomada de decisão e permite ajustes rápidos no plano conforme o cenário evolui.


Quais os benefícios de aplicar a gestão de riscos?


A gestão de riscos no agronegócio vai muito além de evitar prejuízos: ela cria um ambiente mais seguro e previsível para toda a operação. Ao mapear ameaças e adotar estratégias preventivas, o produtor ganha fôlego para se antecipar a cenários adversos e aproveitar oportunidades com mais confiança.


Entre os principais benefícios, destacam-se:


  • Redução de perdas financeiras: problemas são identificados antes de se tornarem críticos, evitando impactos severos no caixa;
  • Produtividade consistente: com menos interrupções e imprevistos, a operação mantém o ritmo de produção, mesmo diante de variáveis externas;
  • Eficiência no uso de recursos: insumos, mão de obra e tempo são alocados de forma mais estratégica, evitando desperdícios;
  • Decisões mais ágeis e estratégicas: informações confiáveis permitem agir rapidamente sem abrir mão da qualidade da decisão;
  • Competitividade fortalecida: empresas que se preparam melhor respondem mais rápido às mudanças de mercado e ganham vantagem frente à concorrência.


No fim, aplicar a gestão de riscos significa transformar incerteza em planejamento, e isso se traduz em sustentabilidade, previsibilidade e rentabilidade a longo prazo.


Quais são as estratégias mais eficazes para mitigar riscos?


Mitigar riscos no agronegócio exige combinar práticas preventivas com ferramentas que permitam reagir rapidamente quando algo foge do previsto. A escolha das estratégias certas depende do perfil da produção, do mercado em que o produtor atua e da sua tolerância a riscos.


Diversificação de culturas e mercados


Distribuir o risco entre diferentes produtos e canais de venda reduz a vulnerabilidade a quebras de safra ou quedas de preço em um único segmento. Essa prática ajuda a manter a receita estável mesmo diante de adversidades específicas.


Seguros agrícolas e operações de hedge


Criam uma rede de proteção contra perdas financeiras decorrentes de eventos climáticos extremos ou oscilações de mercado. Podem ser aplicados tanto para proteger a produção quanto para travar preços e margens futuras.


Tecnologia como aliada


O uso de monitoramento climático em tempo real, drones para inspeção de lavouras e sensores de solo antecipa necessidades de manejo e reduz o risco de perdas. A tecnologia também facilita decisões rápidas e embasadas.


Planejamento logístico antecipado


Garante transporte, armazenagem e escoamento da produção sem gargalos, especialmente em períodos de alta demanda. Antecipar contratos de frete e revisar a capacidade de armazenagem evita custos extras e atrasos.


Capacitação contínua da equipe


Equipes treinadas respondem com mais eficiência e menos tempo de reação diante de imprevistos. Além disso, colaboradores bem preparados conseguem identificar riscos antes que eles se agravem.


Assessoria agrícola estratégica


Um olhar externo e especializado ajuda a identificar riscos que passariam despercebidos, propor ajustes preventivos e definir ações mais assertivas para diferentes cenários.


Ao integrar essas estratégias, o produtor constrói um sistema de proteção que atua em diferentes frentes, aumentando a resiliência da operação e preservando margens mesmo em cenários desafiadores.


Como a Biond pode ajudar na gestão de riscos no agronegócio?


A Biond é uma parceira estratégica para produtores e empresas que buscam reduzir incertezas, proteger margens e tomar decisões mais seguras no campo. 


Atuamos com assessoria agrícola estratégica e inteligência de mercado, oferecendo soluções que unem dados confiáveis, leitura de cenário e acompanhamento próximo para apoiar desde o planejamento da safra até a comercialização.


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Com mais de 25 anos de experiência no agro, a Biond atua como parte do time do produtor, ajudando a estruturar estratégias de gestão de riscos que protegem margens e aumentam a previsibilidade. Nossa metodologia de assessoria combina dados confiáveis, análises de mercado e acompanhamento próximo para transformar riscos em oportunidades reais.


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